domingo, 8 de junho de 2008

"Eles venceram e o sinal está fechado pra nós, que somos jovens". (Belchior)

No ano de 68, como se sabe, ocorreram diversas manifestações estudantis no Brasil, como também em muitos outros países, cujo propósito era transformar o panorama político, comportamental, social, ético, sexual dentre outros. Jamais, em momento algum ouviu-se falar de um ano tão evidente, um período de convulsões idealistas, o qual recusava-se a conviver com a intolerância e a repressão que crescia ao redor. A geração de 68 insurgiu-se contra a subserviência àquele regime cínico, ressuscitou o espírito dos jovens e, consequentemente, a ânsia destes por liberdade e igualdade.
A literatura e a música não só serviram de instrumentos que projetassem a voz dos militantes estudantis, mas também realizaram um papel muito importante de construção do pensamento crítico e revolucionário da sociedade. Muitos autores e compositores eternizaram as manifestações de 1968: O que é isso companheiro?, livro de Fernando Gabeira, retrata o período no qual o Brasil estava sob ditadura militar; "1968 - O ano que não terminou", escrito por Zuenir Ventura, é um romance que reconstitui o ano de 1968 no Brasil e aborda os dramas e paixões de alguns heróis da época. Na música, tivemos como destaque o movimento Tropicalista que renovou radicalmente a letra de música e, rompendo com as tradições, procurou universalizar a linguagem da MPB , incorporando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra . A televisão foi um meio fundamental de atuação do grupo e de outros cantores e compositores, pois promoviam grandes festivais de música popular, nos quais foram lançadas canções como Alegria, alegria, de Caetano; "Tropicália", de Caetano; "Geléia Geral" de Gil e Torquato;
Como Nossos Pais, música de Belchior; "Caminhando", de Geraldo Vandré e muitas outras produções artísticas de protesto dominavam o panorama cultural na época.
Difícil é imaginar a presente apatia na qual vivemos se compararmos àqueles tempos em que a repressão permeava tudo e nem por isso a revolta e a indignação camuflavam-se ou reprimiam-se. Os estudantes organizavam debates, manifestações, e intensificavam as agitações políticas de forma massiva e combativa.
Decaímos. Aqueles que deveriam ser nossos "Guerreiros da Pátria", hoje, tampouco vão às ruas para reivindicar seus direitos de não pagar passagem de ônibus. A disfarçada Democracia em que se vive atualmente, aliena, deixa inerte, forma seres com ideais individualizados, como se não vivêssemos em sociedade e como se dela fossemos meros espectadores ou coadjuvantes.
Quantos militantes jovens como Édson Luís Lima Souto, Honestino Guimarães, Eremias Delizoicov, Carlos Lamarca, Aurora Maria do Nascimento Furtado, Arnaldo Cardoso Rocha, entre muitos outros assassinados pelos algozes do governo militar, precisaremos ressuscitar para que se inflame novamente em nossa juventude o seu espírito revolucionário e a sua capacidade de indignação? Em uma fala um tanto quanto profética, disse Honestino: "Podem nos prender, podem nos matar, mas um dia voltaremos, e seremos milhões...". Pois digo: já somos milhões!














Edson Luís, militante do movimento estudantil morto por militares














Corpo de Edson Luís sendo levado pela multidão estudantil


POSTADO: LUCIANA da SILVA SANTOS e VANESSA FRANCO





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