domingo, 8 de junho de 2008

1968: Um mundo de possibilidades

O ano de 1968 foi de muitas lutas por direitos iguais, muitas possibilidades de um mundo melhor, lutado principalmente pelos jovens estudantes da época. Nestes 40 anos o mundo em que vivemos mudou muito, muitas coisas aconteceram, e como era de se esperar, a mentalidade da população e dos jovens mudou.

Em Paris os estudantes saíram as ruas para lutar por aquilo que acreditavam, a luta em busca de liberdade na Primavera de Praga. Enquanto no Brasil, em 28 de março de 1968, três dias antes do quarto aniversário do golpe, as polícias militares do Exército e da Aeronáutica invadem o restaurante do Calabouço, no Rio de Janeiro, e disparam, a queima-roupa, contra os estudantes, matando Édison Luís de Lima Souto, de 18 anos. No dia seguinte, o Rio pára para que sessenta mil populares acompanhem a despedida ao secundarista, estando presentes inúmeros intelectuais e artistas.

A insatisfação da juventude universitária com o Regime Militar de 1964, recebeu adesão de escritores e gente do teatro e do cinema perseguidos pela censura. As principais capitais do país, principalmente o Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo, em pouco tempo se tornaram praça de guerra onde estudantes e policiais se enfrentavam quase que diariamente. Em 26 de junho daquele ano 100 mil pessoas - a Passeata dos Cem Mil - marcharam pelas ruas da cidade maravilhosa exigindo abrandamento da repressão, o fim da censura e a redemocratização do pais. E em 13 de dezembro, sob chefia do General Costa e Silva, o regime militar decretou o AI-5 (Ato Institucional nº 5).

Contudo, a explosão de criatividade invadiu as artes. No teatro, no cinema e sobretudo, na música debatiam-se projetos para o futuro do país. Cinematograficamente falando, o ano de 68 só se distingue dos outros anos da década pelo seguinte aspecto: marcava o fim dos grandes movimentos de cinema, eclodidos entre o final dos anos cinqüenta e o começo dos sessenta. E no Brasil, o Cinema Novo vivia as suas últimas experiências, logo sufocado pelo AI-5. O enfurecido Glauber Rocha tentava lançar “O dragão da maldade contra o santo guerreiro”, Paulo César Saraceni operava uma adaptação de Machado de Assis em “Capitu”, Roberto Santos filmava “O homem nu”, Gustavo Dahl mostra o seu “Bravo guerreiro, e Rogério Sganzerla, por outro caminho, se saía com o seu “underground” e ainda hoje tão pouco conhecido.

Na música, o que ficou marcado foi a "imparcialidade" da turma da "Jovem Guarda", que liderados, dentre outros, por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Vanderléia, pregavam a despolitização é só pediam “que você me aqueça nesse inverno e que tudo mais vá para o inferno”. Mas o cenário musical, graças aos grandes festivais, estava dominado por personalidades como: Caetano, Chico, Elis Regina, Jair Rodrigues, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Vinícius de Morais, etc.

Dentre tantos fatos e personalidades que marcaram a história do país, o que fica na lembrança da gente com relação a 1968 é que foi uma época em que os jovens se arriscavam a sair às ruas para lutar por seus ideais. Fica ainda, o desejo de poder acreditar em que ainda hoje sejam capazes disto...seja por si próprio, pelo país ou mesmo pela memória dos que se arriscaram.

Postado por: JULIANA PAIVA DE ADAUTO

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