sábado, 7 de junho de 2008

1968 E O CINEMA

As movimentações ocorridas em Paris durante maio de 1968 mudaram, certamente, a forma como olhamos e pensamos o mundo em que vivemos. Da política à filosofia, da educação à cultura, o tão atribulado século XX divide-se certamente entre o antes e o depois de Maio de 68.
E o cinema não era apenas reflexo do que se passou em 68. Durante o ano, muitas das obras produzidas na época, sob o furor do ideário francês, ainda hoje são fundamentais para entendermos a ruptura pela qual a História passou depois desse ano. Em 1967, outras películas apresentavam-nos um mundo em ponto-de-bala, onde a única saída para a decadência de situações revolucionárias era criar a sua própria situação revolucionária.
Assistir a esses filmes é sentir o enorme frescor daquele período. Entre vários filmes feitos em 1968 e sobre 1968, destacam-se 2:



AMANTES CONSTANTES, Phillippe Garrel. Essa obra é, verdadeiramente, uma reflexão posterior dos acontecimentos de maio de 68. Lançado em 2005, o filme mergulha nas entranhas do movimento, mas, ao invés dos fatos políticos, opta por analisar o período pela via do amor, da poesia e do ópio. A história relata o encontro entre dois estudantes que, em meio às barricadas do maio de 68, iniciam uma relação emblemática dos desdobramentos provocados pela inquietação, após o retorno à “normalidade”. O diretor do filme, Phillipe Garrel, tinha 20 anos em 68, era um jovem cineasta e grande entusiasta do movimento.

TERRA EM TRANSE, Glauber rocha. Esse filme é uma espécie de meta-síntese do que podemos considerar como o espírito e as contradições que fizeram de 68, 68. Filmado em 1967 por Glauber Rocha, a obra é considerada o manifesto poético-político do autor. Algo surrealista, onde elementos documentais e mitológicos são subvertidos por uma estética lírica e cinematográfica delirantes - e que guardavam em si a ânsia pela transformação das coisas. A terra em transe é cinema de cabeça pra baixo. “Não fazer filmes políticos, mas politizar os filmes”, como disse Godard, é o lema de Glauber



POSTADO POR : ANNE CAROLINE MORAES E LUCIANA DA SILVA BORDOAN

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