segunda-feira, 9 de junho de 2008

1968 – O ano que sacudiu o mundo

Para a geração estudantil atual é muito difícil pensar no que no ano de 68 representou para a história mundial. Em um momento de completa inércia desse segmento, não podemos deixar de nos lembrar dos heróis que sacudiram o mundo e nos possibilitaram aprender a questionar sempre, seja instâncias militares, seja o governo, seja quem for.


Naquele momento, um mundo morria e outro estava nascendo.


Como precursores, os estudantes universitários americanos, que protestavam contra a Guerra do Vietnã. A revolta começou logo após a Ofensiva do Tet onde, com a globalização se instaurando, o mundo pode ver pela imprensa ocidental, o massacre dos Estados Unidos contra os incansáveis combatentes vietcongues.


A oposição à luta no Vietnã mobilizou os campi das principais universidades do país, levando à invasão de prédios e ao cerco a instalações universitárias que faziam pesquisa militar.


No entanto, com o fim da convocação compulsória para o serviço militar, o governo americano atendeu às demandas do movimento antiguerra e enfraqueceu a futura oposição interna a conflitos, já que os universitários americanos de classe média não eram mais forçados a participar deles.


Ainda que o foco desse texto seja o movimento estudantil pelo mundo, não pode-se deixar de falar em um fato muito importante para o ano de 1968: a morte do pastor Martin Luther King.
Líder do movimento negro americano, ele não chegou a se posicionar diretamente contra a Guerra do Vietnã, mas combinou a luta contra o racismo com o ativismo contra a guerra e as desigualdades socais. Foi morto em 4 de abril de 1968, assassinado por um homem, preso dois meses depois, que nunca esclareceu o motivo do crime.


Apesar dos confrontos raciais que se seguiram em muitas das principais cidades americanas, e da repressão muitas vezes brutal da polícia, a ação de Martin Luther King e seus companheiros acabou revertendo de vez a segregação racial institucionalizada nos Estados Unidos.


Voltando aos movimentos estudantis, talvez o mais importante e mais destacado na história de 68 seja o das universidades francesas para tirar o presidente do poder. Quanto mais os estudantes protestavam, mais a polícia reagia de força brutal. E assim, muito pelo contrário do que pretendia o governo, o movimento se tornava cada vez mais irredutível e teve como um dos principais líderes Daniel Cohn-Bendit.


No mês de maio as coisas ficaram mais pesadas. Em poucos dias, as exigências dos estudantes passaram a encampar a renúncia de Charles de Gaulle e eleições gerais. Dia após dia, Paris era palco de combates intermitentes entre a polícia e manifestantes, armados de pedras e coquetéis molotov.


O estopim foi a greve geral em apoio aos estudantes que levou 10 milhões de pessoas às ruas (nunca uma revolta juntou tanta gente na história). O presidente francês se viu pressionado e convocou eleições legislativas gerais às pressas.


Nas eleições organizadas por Charles de Gaulle, os partidários do presidente, visto no fim das contas como alguém que conseguiria restabelecer a paz, acabaram vencendo – e os protestos estudantis, assim, se esgotaram.


Por fim e não menos importante, o movimento estudantil (que foi seguido por diversos outros segmentos da sociedade civil, Igreja e sindicatos) brasileiro para derrubar a ditadura militar.
Alguns grupos de esquerda no país já tinham decidido que oposição democrática não era mais viável e partiram para a guerrilha urbana.


O ato mais importante do movimento estudantil foi reunir uma passeata com cem mil pessoas, no Rio de Janeiro, que contava com a presença de políticos, artistas, trabalhadores e dos próprios estudantes, para protestar contra a ditadura.


Mas apesar da pressão de praticamente toda a sociedade, a ditadura reagiu de forma mais repressiva: instaurou o AI-5, que dava poderes praticamente ilimitados ao presidente da República para dissolver o Congresso, retirar direitos políticos e civis de dissidentes e até confiscar seus bens.


Apesar de todas as formas de oposição terem sido derrotadas, a mística que surgiu em torno da resistência brasileira acabaria virando modelo de luta pela redemocratização do país. Deveria, na verdade, servir de modelo para a nova geração, para que aprendessem a ser mais responsáveis com aquilo que custou a vida de muitos e a lutar sempre e nunca se contentar, porque não há causa perdida; só se perde uma causa quando nem se começa a lutar por ela.
Postado por: Luana Dangelo

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