Amanhã há de ser outro dia.
No período da ditadura todas as ações e declarações que se chocassem contra a moral dominante, a ordem política vigente, ou que escapassem aos padrões de comportamento da moral conservadora, eram vistos como suspeitos. Dentro dessa esfera, o campo musical destacava-se como alvo da vigilância, sobretudo os artistas e eventos ligados à MPB, declaradamente crítica ao regime militar. Portanto. muitos artitas tiveram suas composições censuradas, tais como: Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Gilberto Gil, Raul Seixas, Milton Nascimento, dentre outros.
Outra figura de destaque que não se calou durante esta opressão é o poeta Vinicius de Moraes, que estava em Portugal quando recebeu a notícia que havia sido decretado o AI nº 5 e nesta mesma noite em seu show, leu para a platéia que ali estava o poema Pátria minha. Em um ato de coragem ele mostra resistência e repúdio a toda forma de opressão, além de seu amor à pátria.
"A minha pátria é como se não fosse, é íntima/Doçura e vontade de chorar; uma
criança dormindo/É minha pátria. Por isso, no exílio/Assistindo dormir meu
filho/Choro de saudades de minha pátria./Se me perguntarem o que é a minha
pátria direi:/Não sei. De fato, não sei/Como, por que e quando a minha
pátria/Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água/Que elaboram e
liquefazem a minha mágoa/Em longas lágrimas amargas."
Da mesma maneira como tentaram silenciar a voz do poeta continuaram, ao longo do regime militar, perseguindo e censurando outros artistas pois a esfera da cultura era vista como suspeita. O ano de 1968, portanto, foi o auge da sanha autoritária do regime militar, na sua tentativa obstinada de silenciar a elite intelectual presente nas universidades e na cultura brasileira. Mas também foi o ano marcado pela luta, pela contestação e pela resistência às imposições e torturas de um regime autoritarista.
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