domingo, 8 de junho de 2008

1968: Uma mudança?!

O mundo parecia estar passando por um cataclismo. Vários fatores, acontecimentos que culminaram no final da década de 60 levavam a crer isso; A morte do revolucionário Ernesto "Che" Guevara De La Serna, a Guerra do Vietnã (iniciada por um falso "incidente", no Golfo de Tonquin, onde dois destroyers americanos teriam sido atacados por Vietnamitas do Norte), intolerância na China (devidas a Revolução Cultural Proletária), a morte do maior expoente da ala moderada do Movimento Negro, o pastor Martin Luther King, entre outros. No Brasil não foi diferente, já que após o Regime Militar imposto em 1964, passaria ainda por um dos anos mais tensos do pós-guerra: 1968.

Já que nossa referência é um ano, classificarei os acontecimentos de acordo com o mês em que aconteceram:


- Março


O secundarista Edson Luís foi morto em uma operação policial que agia para reprimir um protesto estudantil em frente ao restaurante universitário "Calabouço".


-Maio


Greve geral na França, onde a maioria dos estudantes mais 10 milhões de trabalhadores (2/3 dos trabalhadores franceses na época) foram às ruas e ocuparam fábricas como protesto, repercutindo no mundo todo, inclusive no Brasil.


-Junho


Passeata dos Cem Mil pelas ruas do Rio de Janeiro, pedindo diminuição da repressão e o fim da censura.




-Outubro

Clandestinamente, aconteceu o 30º congresso da UNE no interior de São Paulo, sendo posteriormente descoberto e resultando na prisão de 1.200 estudantes, praticamente acabando com o movimento estudantil. Depois disso tudo, vários joves aderiram a movimentos de luta armada, que até o final de 1972, já haviam sido totalmente massacradas.


Como se já não bastasse, o AI-5 e a Lei de Imprensa faziam com que todo veículo de comunicação tivesse sua pauta vistoriada para ser previamente autorizada, nos privando de boa parte da literatura, música, cinema, cultura em geral, além da informação, o que sempre tornou o povo poderoso.


Mas há de se perguntar: após toda essa luta, tudo que foi conquistado até conseguirmos de volta a democracia, as "Diretas Já!", a repulsa do povo à corrupção, inclusive conseguindo o impeachment de um presidente nas ruas... isso foi o que se pode chamar de "mudança"? nos erguemos à máxima? estamos no auge?


Essas perguntas pouco cabem ser respondidas por quem não passou pelos Anos Dourados e pelos Anos Rebeldes, mas de posse do discurso de vários exilados, sejam eles artistas ou militantes, tomo como minha opinião as palavras de cada um desses que tive conhecimento; quase nada mudou, e o que mudou foi compensado de uma maneira pior.


"Ser otimista" virou eufemismo de "estamos na m****, mas um dia pode vir a melhorar... talvez, quem sabe?!". Ainda temos o que melhorar, talvez estejamos no caminho certo, tentando realizar sem confrontar, olhando pra tudo que está acontecendo e resistindo como todo bom brasileiro, mas cientes de que se precisarmos ir às ruas, vamos bater de frente com os mesmos problemas de antigamente: quem não sabe tratar com palavras, usa da violência, da repressão...


Usando o otimismo de modo menos "coitadinho", 1968 nos ofereceu algumas boas coisas, como ano precursor do "Peace and Love", o início do Heavy Metal com a criação do Black Sabbath, clássicos do cinema como os de terror "Night Of The Living Dead" e "Rosemary's Baby"; os de ficção-científica "Planet Of The Apes" e "2001: A Space Odyssey", todos em suas versões originais, a brasileira Martha Vasconcelos é eleita Miss Universo, é lançado o Chevrolet Opala no Brasil...




A luta não acabou!

POSTADO POR: THIAGO ALVES DE LIMA

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